sábado, 11 de maio de 2024

preciso partir

tu deve ser amado e protegido plenamente

e eu não posso te dar isso

eu te amo, mas não romanticamente

quero te ver feliz, mas não comigo

não sou capaz de fornecer o que tu precisa

não sou capaz de te dar abrigo


é mais honesto eu partir sem olhar para trás

do que te prender a algo que “tanto faz”

é muito bom estar contigo, mas apenas como amigo


você precisa se libertar, você precisa se descobrir

e, para isso, eu preciso partir

quinta-feira, 2 de maio de 2024

volto já

eu estou aprisionada ao meu passado
com coisas mal resolvidas, pontas para aparar
que estão o meu presente a atrapalhar.

meu coração estava partido
e, os cacos, difíceis de juntar.
de algumas coisas, consegui me libertar,

porém tenho, ainda, muitas mágoas recentes,
pessoas que fizeram com que eu não me sentisse gente.

eu me acostumei a ser sozinha, aprendi a me defender,
não posso apagar minha vida antes de te conhecer…
não me sinto pronta para ter sentimentos bons e ceder.

tu me conheceu em um momento ruim,
quando eu já tinha desistido de gostar das pessoas, enfim.
eu fui rejeitada e aprendi a ser assim.

mas eu ainda sofro com isso,
esse é o motivo pelo qual eu evito um compromisso.

isso não significa que eu não gosto de estar contigo
tu me trata bem, tu me fornece abrigo,
tu é muito mais que um amigo.

eu preciso resolver a minha vida primeiro,
me dê o beijo derradeiro,
que eu volto logo, sorrateiro,
de peito aberto, verdadeiro,
pra contigo sentir, por inteiro.

não desista de mim, porque até eu mesma já desisti.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

horror story

vira a página

troca o filme

o filme virou de terror

bota teu óculos de realidade 

nao é evidente, minha gente?

igual a ti existem vários na cidade

vários medianos se achando o bicho

não to tão carente a ponto de me submeter a isso

a paz que eu tenho sozinha nada poderia substituir

foi apenas um desvio, que eu achei que era caminho

foi aí que eu percebi que é melhor seguir sozinho

segunda-feira, 22 de abril de 2024

me liberte

eu estou cansada de te olhar e enxergar a mim mesma

me sinto entediada quando estamos juntas em casa, porque tu parece ficar mais parecida comigo

eu não quero um clone meu

não quero mais sentir o meu próprio sabor na tua boca macia

eu gosto de ti, mas talvez não goste de coisas em mim

eu tenho dores a serem curadas

não posso me entregar 

meu coração talvez ainda seja de outro

que não faz 1% do que tu faz por mim

eu quero que tu seja feliz

e que tu possa ser plenamente tu

livre dos julgamentos alheios

mas eu não posso te prometer nada

não posso me comprometer

porque o meu coração sangra por outro que não me quer

eu já não desejo ninguém

desejo ir em busca de mim

não de outra pessoa que reflita aspectos meus

desejo me reencontrar e deixar jorrar sentimentos

que não me permito sentir quando estou contigo

domingo, 14 de abril de 2024

avesso

 e no meio da multidão trocamos olhares

como se estivéssemos nos reconhecendo

eu enxerguei as cores todas distorcidas naquela noite

enxerguei teus olhos claros, teu casaco azul, teu carro rosa

estava tudo ao contrário 

teus olhos são castanhos, teu casaco é cinza e teu carro é azul

como eu pude enxergar tudo distorcido?

será que eu vi além daquilo que salta aos olhos, logo de início?

são muitos os indícios que me levam a crer que nossas vidas em algum momento se cruzariam

não sendo no final de semana anterior, no outro, nós, enfim, nos (re)conhecemos.

foram tantas coisas em comum, como se estivéssemos nos mirando n’água e enxergando nosso próprio reflexo

segunda-feira, 1 de abril de 2024

anjo grego

tu chegou quando eu já não esperava mais nada de ninguém, quando eu tinha decidido desistir de fazer esse coração triste e solitário se empolgar com algo

agora eu já não sei mais se é noite ou dia

eu perco a noção do horário

as coisas mais pesadas da vida passam batido quando eu te vejo no dia anterior


o calor da tua pele me traz uma sensação de conforto que eu nunca tinha sentido igual


logo eu, durona e inconquistável, fico babando quando te vejo falando


eu me viciei em te encher de beijos e carinhos


o fato de sermos iguais é só um detalhe a mais


cada singularidade tua reflete e exalta algo de mim


tu foi o primeiro a perceber as nossas semelhanças


tu me reconheceu e resgatou da multidão 


tu me deu a mão e me levou pra um lugar mais calmo


eu só quero te abraçar em tempo integral


não passa outra coisa na minha cabeça além 


de


te ver no fim do dia


todos os dias


te ter nos meus braços


e encaixar nos teus abraços 


faz tudo valer a pena

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

acabou

hoje sinto os ares mais leves, menos abafados pelo calor e pelo conglomerado de pessoas e energias caóticas. 
aos poucos, a cidade se esvazia e tudo volta paulatinamente ao seu curso normal, o marasmo pairando sobre os moradores que ali ficaram.

nos meus sonhos, esta noite, eu dirigi por rodovias movimentadas, talvez uma realidade que eu tenha vivido brevemente na minha própria cidade, plasmada para o plano astral dos sonhos. 

acordei e senti a vida e a vinda do vento sul. o farfalhar das árvores, a passividade dos pássaros e o silencio do momento presente me fazem crer que a renovação está presente em cada instante.

não experienciar o carnaval como as demais pessoas me possibilitou evitar sentir a dor do fim. quando não se começa, não se termina; e os finais de coisas boas são sempre difíceis. eu, talvez, tenha sido fraca em me poupar de vivenciar uma solidão acompanhada, sendo só mais uma ébria em meio à multidão, e dizer que isso era felicidade, do que ficar descansando, talvez não tão feliz, isolada em meus pensamentos e anseios, fugindo, inclusive, de multidões particulares, como acabei fazendo. dormir também fez parte da minha rotina, me fez muito bem. o universo paralelo dos confetes e serpentinas. 

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Meu único arrependimento foi ter te mandado uma mensagem no dia errado de carnaval e receber uma ausência. Tenho certeza que, se fosse no dia anterior, possivelmente tu teria me correspondido. Isso me faz crer que a tua insegurança, somada com o teu individualismo, te fizeram ser uma pessoa egocêntrica. Por mim, eu devolveria teus livros e nunca mais falaria contigo de novo.

Sempre que eu te apago da memória, tu volta e me instiga, correspondendo às minhas investidas indiretas. Mas quando eu fui na tua casa, no meio daquela madrugada, e ficamos a sós, à meia luz, eu sequer recebi um beijo. Eu não mereço ser beijada por ti? Justo agora, quando eu, enfim, havia desconstruído a visão que eu tinha da pessoa insensível que tu era, tu fez questão de refrescar a minha memória - a contragosto. Eu fico me perguntando qual foi a tua intenção em me emprestar aqueles livros. Tu sequer me responde. 

Eu queria continuar acreditando na versão bonita que eu tinha de ti.

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Mas, por enquanto, me satisfaço com a boniteza do meu próprio ser.